segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Pan-2015: quadro alternativo de medalhas

PAN-2015: quadro de medalhas inspira
muito otimismo e pouco realismo
A cada quatro anos, o Brasil ganha uma injeção de otimismo no esporte. Chegam os jogos Pan-Americanos, e por duas semanas o País se sente como uma verdadeira potência olímpica, com direito a mais de 100 medalhas conquistadas (no Pan de Toronto foram 141). É claro que isso tem um lado ruim: os resultados extremamente distorcidos do Pan elevam as expectativas a níveis irreais. Quando chega a Olimpíada e o Brasil ganha as 15 medalhas habituais, não faltam “comentaristas” a explicar o resultado “decepcionante” dizendo que os atletas “amarelaram”.

O Pan é ridículo enquanto previsão de desempenho para a Olimpíada (83% dos medalhistas de ouro no torneio de 2011 não subiram no pódio dos Jogos Olímpicos seguintes), mas, mesmo assim, pode valer como entretenimento e como experiência para jovens atletas (na prática, o Pan é um “grande evento” quando acontece no Brasil e/ou a Globo transmite; em Toronto e na Record, passou a ser tratado pela mídia como a competição secundária que é).

Como em todo evento dessa natureza, grande atenção é dada ao quadro de medalhas. No entanto, os quadros convencionais trazem grandes distorções. Esportes como canoagem e levantamento de peso distribuem mais de uma dúzia de medalhas de ouro, enquanto competições como futebol e basquete não passam de duas. Assim, países que calham de serem bons em esportes que valem muitas medalhas aparecem em posição desproporcional no quadro (exemplo clássico é a Jamaica). Para corrigir isso, em 2011 apresentei um novo quadro de medalhas, em que a contagem é feita por esporte, e não por modalidade.

Explicando melhor: em cada um dos 40 esportes do Pan (seguindo a divisão de modalidades feita pela Wikipedia), foi montado um quadro de medalhas. Ao 1º colocado nesse quadro foi atribuída 1 medalha de ouro no quadro geral; o 2º ficou com uma de prata, e o 3º com uma de bronze. Assim, pode-se descobrir quais países realmente são potências esportivas (dentro do contexto do Pan, vale lembrar) e quais só concentram seus ganhos em poucos esportes.

Vejamos como ficou o quadro de medalhas alternativo dos Jogos Pan-Americanos de 2015:

Pos
País
Ouro
Prata
Bronze
Dif*
1
Estados Unidos
14
10
5
0
2
Canadá
8
9
7
0
3
Brasil
6
5
6
0
4
Argentina
5
2
4
+3
5
México
5
1
4
+1
6
Colômbia
3
3
2
-1
7
Cuba
3
2
5
-3
8
Guatemala
1
0
2
+2
9
Venezuela
0
3
1
-1
10
Chile
0
1
2
+1
11
Uruguai
0
1
1
+7
12
Equador
0
1
0
-3
13
Paraguai
0
0
1
+7
14
Peru
0
0
0
-2
*Diferença, em número de posições, em relação ao quadro de medalhas tradicional

Os três primeiros colocados no quadro alternativo mantêm-se os mesmos do quadro tradicional: Estados Unidos, Canadá e Brasil. De fato, quando se trata de Pan-Americanos, esses têm sido os três países dominantes. Em seguida, uma mudança que mostra bem a diferença entre os dois quadros de medalhas: o 4º colocado é a Argentina (forte em hóquei, tênis, vôlei), que ganhou três posições, caminho oposto ao de Cuba (forte em boxe, canoagem, taekwondo), que perdeu três.

Falando sobre o Brasil, houve uma pequena melhora em relação ao Pan de 2011. Naquela edição, o País figurou entre os melhores de 16 esportes (neste ano foram 17), terminando em 4º lugar na lista (melhorou para 3º). Em 2015, os esportes em que o Brasil ganhou medalhas no quadro alternativo foram:

Ouro: karatê, futebol, handebol, judô, pentatlo moderno (dividido com a Guatemala) e tênis de mesa;
Prata: basquete, tiro, vela, polo aquático (dividido com o Canadá) e natação;
Bronze: canoagem, ginástica, hipismo, patinação, vôlei e vôlei de praia (dividido com Cuba).

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