sábado, 2 de março de 2013

O peso do “fator casa” – 2013


Devido ao vergonhoso incidente em Oruro, o Corinthians foi forçado pela Conmebol a disputar suas partidas como mandante pela Copa Libertadores sem torcida. Supondo que a entidade não atenue a punição (o que pode muito bem acontecer), será um grande golpe para o atual campeão continental – não só pelo lado financeiro, mas também esportivamente.

Todo mundo sabe que jogar em casa, com o apoio da torcida, é uma vantagem considerável. E não é difícil quantificar essa vantagem: basta comparar o número de jogos vencido pelos mandantes com a quantidade de empates e de vitórias dos visitantes em um torneio.

Considerando-se os dados da última temporada, nota-se que a vantagem do “fator casa” varia muito de um campeonato para o outro. E, para azar do Corinthians, a Libertadores é justamente aquele onde jogar em frente a torcida mais importa:

Campeonato
Vitórias casa
Empates
Vitórias visitante
Casa – visitante
Libertadores 2012
57,9%
21,4%
20,7%
37,2
Liga dos Campeões 2011/2
50,0%
25,0%
25,0%
25,0
Brasileiro 2012
48,4%
27,6%
24,0%
24,4
Espanhol 2011/2
49,2%
24,7%
26,1%
23,1
Holandês 2011/2
50,7%
20,6%
28,7%
22,0
Francês 2011/2
45,8%
29,7%
24,5%
21,3
Italiano 2011/2
45,8%
29,2%
25,0%
20,8
Português 2011/2
47,9%
22,1%
30,0%
17,9
Alemão 2011/2
45,4%
25,8%
28,8%
16,6
Inglês 2011/2
45,0%
24,5%
30,5%
14,5
Argentino 2011/2
38,2%
34,5%
27,3%
10,9
Japonês 2012
40,5%
24,8%
34,7%
5,8
MÉDIA GERAL
47,1%
25,8%
27,1%
20,0

No torneio sul-americano, o número de vitórias do mandante é quase o triplo do visitante – na maioria dos campeonatos, não chega a ser nem o dobro. Essa força da “casa” na Libertadores pode ser atribuída a fatores específicos do torneio, como altitude, agressividade das torcidas e “caldeirões” como a Bombonera.

Na outra ponta da lista, está o Campeonato Japonês, onde quase não houve diferença entre jogar em casa ou fora. Seriam os torcedores orientais “frios” demais? Antes de responder que sim, considere que o Campeonato Argentino também está entre aqueles em que o “fator casa” foi mais fraco.

Vale lembrar que, em 2012, fiz esta mesma análise, considerando os dados datemporada anterior. Embora haja oscilação considerável entre os dados, é possível afirmar que há uma correlação leve entre os dois anos. Por outro lado, não há nenhuma relação entre a força do “fator casa” e o índice de equilíbrio dos torneios (seria de se esperar que jogar em casa fizesse mais diferença em campeonatos muito equilibrados, o que não é o caso).

Embora os números variem muito de país para país (e mesmo em diferentes temporadas de um mesmo campeonato), a média geral se manteve bem estável nestes dois anos. Tanto na temporada 2010/1 quanto na 2011/2, os mandantes ganharam 47% das partidas, os visitantes venceram 27% e houve 26% de empates.

2 comentários:

  1. Resta saber agora se o fator casa tem influência por causa da torcida e/ou por causa do campo (gramado, dimensões, etc, a quem os mandantes estão mais acostumados)...

    ResponderExcluir
  2. Só um extra: como esperado, o teu comentário entre parênteses do primeiro parágrafo tornou-se realidade... Uma pena pra quem vai ao estádio!

    ResponderExcluir